Jurí­dicas

GOVERNO PODE ELEVAR JUROS PARA COMBATER INFLAÇÃO, DIZ MANTEGA

O ministro da Fazenda, Guido Mantega, deu mais um sinal nesta sexta-feira de que o governo poderá elevar os juros para combater a alta da inflação.
“Não titubeamos em tomar até medidas impopulares, como o aumento de juros, quando isso é necessário”, afirmou.
Fraco desempenho da indústria e do varejo fazem economia recuar em fevereiro
Alimentos e domésticos foram responsaveis por 73% da inflação de março
A Selic está hoje em 7,25% ao ano, mas analistas já esperam que o Banco Central suba a taxa básica de juros nas próximas reuniões do Copom (Comitê de Política Monetária).
A avaliação do ministro é que a inflação está sendo influenciada por fatores sazonais, como as chuvas que deixam mais caros alimentos in natura. Mas, diz ele, esse comportamento é passageiro e deve refluir com o fim do período de chuvas e entrada da nova safra.
Entretanto, afirmou que uma elevação dos juros seria endereçada a expectativas de altas de preços, observadas em outros setores da economia, e não a um problema pontual.
“Inflação de alimentos não se resolve com juros, porém expectativas se resolvem com juros”, afirmou Mantega.
“O que nós temos hoje é que, com essa elevação pontual e localizada da inflação, você pode correr o risco de uma contaminação em setores que não têm aumento de custos e que queiram aumentar os preços. Então você tem que dar uma sinalização de que os preços não vão continuar subindo”, complementou o ministro.
Mantega também afirmou que o combate à inflação, feito pelo governo, “não se pauta pelo calendário político”.
“Em 2010, elevamos os juros na véspera da eleição. Não nos pautamos por calendário político e o governo toma as medidas necessárias para assegurar o crescimento da economia”, disse Mantega nesta sexta-feira. Ele participa de evento organizado pela revista “Brasileiros” em São Paulo.
Haverá eleições no ano que vem, e o PT já dá como certo que Dilma Rousseff irá disputar a reeleição.

ALIMENTOS
Índice oficial da inflação, o IPCA (Índice de Preços ao Consumidor Amplo) ficou em 0,47% em março e atingiu 6,59% no acumulado dos últimos 12 meses, estourando o teto de 6,5% da meta do governo para 2013.
Os alimentos responderam por 60% da variação do IPCA do mês passado.
Para Mantega, a alta nos preços dos alimentos atinge mais a população de renda baixa e atrapalha os investimentos do setor produtivo. Por isso, disse ele, “o governo tem mantido grande atenção no controle da inflação”.
Com problemas climáticos, quebras de safra e a demanda interna aquecida (o que permite um nível maior de repasses aos custos), seguem como o principal vilão da inflação, com alta de 1,14% em março –haviam subido 1,45% em fevereiro e 1,99% de janeiro.
Esses fatores praticamente anularam a desoneração de tributos da cesta básica, promovida pelo governo no início do mês passado.
Em 12 meses, os alimentos acumulam alta de 13,48%, mais do que o dobro da inflação média no período.

SUPERMERCADOS
Os preços mais salgados de alimentos afastaram os consumidores das gôndolas dos supermercados. As vendas do setor tiveram a maior queda em nove anos e levaram à retração do comércio varejista como um todo em fevereiro.
Apesar do emprego e do rendimento ainda em expansão, as vendas de alimentos e bebidas caíram 2,1% em fevereiro na comparação com o mesmo mês de 2012.
Foi a primeira redução desde março 2009 e a mais intensa desde novembro de 2003, quando o país vivia uma crise cambial e de confiança.
Em relação a janeiro, a perda foi de 1%, segundo o IBGE.
O comércio, que matinha bons resultados graças ao dinamismo do mercado de trabalho, sentiu a corrosão do poder de compra com a forte alta dos alimentos e recuou 0,4% ante janeiro e 0,2% em relação a fevereiro de 2012 primeiro resultado negativo desde novembro de 2003.

ECONOMIA
A freada no comércio e o fraco desempenho da indústria fizeram a economia recuar em fevereiro.
O Índice de Atividade Econômica do Banco Central (IBC-Br), considerado uma prévia do PIB, recuou 0,52% em fevereiro ante janeiro — resultado com ajuste sazonal, que desconsidera efeitos de determinado período do ano.
No acumulado em 12 meses até fevereiro, a alta no indicador é de 0,87%, no dado sem ajuste sazonal, informou o Banco Central nesta sexta-feira (12). Na comparação com fevereiro de 2012, o IBC-Br avançou 1,88%.
Para o economista Rafael Bacciotti, da Tendências Consultoria, o IBC-Br foi “fraco” e a economia ainda caminha com “bastante oscilação”. “[A economia] não entrou numa trajetória clara de recuperação, dependendo de setores que sobem em um mês e caem no outro, em um movimento bastante incerto”, avalia.
O resultado, apesar do recuo, foi melhor do que as expectativas. A mediana das previsões de analistas ouvidos pela Reuters era de um recuo de 0,80% na atividade, com as projeções de queda variando de 0,50% a 1,10%.

Fonte: Folha de São Paulo.

× Atendimento personalizado