O Rio Grande do Sul enfrenta uma das mais graves crises agrícolas de sua história. Após três secas severas, uma enchente devastadora e mais uma estiagem, o campo gaúcho encontra-se em colapso. A única medida capaz de garantir a sobrevivência dos produtores rurais é a securitização das dívidas do agronegócio — uma resposta estruturante e necessária diante de perdas sucessivas.
Reconhecido por sua força nas exportações, geração de empregos e abastecimento alimentar, o agronegócio do estado corre o risco de parar. A ausência de uma política sólida de securitização pode significar a exclusão de milhares de produtores do sistema de crédito, inviabilizando o plantio da próxima safra. A medida permitiria a transformação das dívidas acumuladas em compromissos de longo prazo, com condições sustentáveis e taxas acessíveis.
Diferente de anistia, a securitização é uma reestruturação responsável. Oferece oxigênio financeiro ao setor produtivo, garantindo não apenas a continuidade das atividades no campo, mas também a manutenção de empregos e da economia local. É um pacto com o futuro do país e com a dignidade de quem nunca deixou de plantar.
Enquanto outros setores contam com subsídios e incentivos, o produtor rural segue vulnerável às intempéries e ao descaso. Já não há espaço para paliativos. A urgência da situação exige políticas públicas consistentes, como fundos garantidores e instrumentos técnicos vinculados ao risco climático, produtividade e seguro rural.
Negar essa reestruturação é perpetuar o abandono do campo. As máquinas paradas, os silos vazios e os rostos cansados dos agricultores expressam mais do que uma crise econômica — revelam o colapso de gerações que sempre alimentaram o país. A cada safra perdida, perde-se também parte da história e da cultura do interior gaúcho.
O problema não é somente como pagar as contas sem recursos, mas como ter recursos para fazer o próximo plantio.
Enquanto o governo não se organiza, algumas idéias para ajudar:
# Procure manter-se no crédito rural mesmo ao renegociar suas dívidas;
# Reserve uma parte do dinheiro primeiro para manutenção da família e da fazenda;
# Priorize o pagamento de avais e hipotecas;
# Notifique as instituições financeiras;
# Faça laudo técnico da lavoura para ter tudo documentado.
Por isso, finalizando, securitizar é mais que reorganizar finanças: é proteger o alimento na mesa dos brasileiros, garantir a sustentabilidade fiscal de municípios e reafirmar o compromisso com o produtor. O tempo é curto e a responsabilidade é de todos. Que a seca da política não seja pior que a do clima.
Eduardo Kümmel
Advogado – Diretor da Kümmel & Kümmel Advogados
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